O fullcommerce é um modelo de operação no qual uma empresa terceiriza toda a gestão do seu e-commerce, integrando tecnologia, logística, atendimento, marketing digital, cadastro, performance e operação fiscal em um único provedor especializado.
Diferente do e-commerce tradicional, onde a marca precisa montar e coordenar equipes internas, o fullcommerce assume a operação de ponta a ponta, permitindo que indústrias, varejistas e franqueadores entrem no digital com mais velocidade, eficiência e menor risco operacional.
O conceito ganhou força no Brasil por conta de desafios comuns no varejo digital: dificuldade de contratar especialistas, complexidade fiscal, operação logística fragmentada, alta competição em marketplaces e necessidade crescente de omnicanalidade.
Empresas como Social Digital Commerce, Sélia e outras referências do mercado ilustram como o modelo amadureceu, apoiando desde indústrias tradicionais até marcas de moda, alimentos, brinquedos e clubes esportivos.
O que é fullcommerce?
Fullcommerce é um ecossistema completo de serviços, oferecido por uma empresa especializada, que assume a operação online de uma marca.
Envolve:
- Desenvolvimento e gestão da flagship (loja própria)
- Integração e operação em marketplaces
- Logística, armazenagem e fulfillment
- Emissão fiscal, pagamentos e conciliação
- SAC, CX e logística reversa
- Cadastro e SEO de produtos
- Planejamento e execução de mídia paga
- Insights de performance e BI
Na prática, trata-se de uma terceirização estratégica, que permite que a marca mantenha o foco no core business (produto, expansão, branding), enquanto um especialista conduz a operação digital com escala e conhecimento técnico.
Como o fullcommerce funciona na prática
1. Diagnóstico e desenho estratégico
A operação começa com um workshop estruturado, no qual são definidos:
- canais de vendas prioritários (loja própria, marketplaces, social commerce)
- potencial de mix e precificação
- verbas de mídia
- metas de faturamento e cronograma de rampagem
Essa etapa reduz um dos maiores riscos do e-commerce: operar sem clareza de prioridades ou sem capacidade de investimento adequada.
2. Construção da operação digital
O fullcommerce estrutura a base operacional necessária para o e-commerce funcionar:
- Plataforma e tecnologia
- Integrações com ERPs, gateways e ferramentas de marketing
- Cadastro avançado de produtos, seguindo a árvore de cada marketplace
- Implementação de SEO, rich semantics e guidelines de GEO
O cadastro é um dos elementos mais críticos: cada marketplace utiliza atributos e taxonomias específicas, e erros estruturais reduzem alcance, relevância e vendas.
3. Logística, armazenamento e fulfillment
O operador de fullcommerce gerencia todo o ciclo logístico:
- recebimento de mercadoria
- armazenagem estratégica
- separação, embalagem e envio
- controle de SLA
- logística reversa
Muitas operações trabalham com múltiplos hubs e prazos diferenciados (same day, next day, clique e retire), aumentando competitividade frente a varejistas de grande escala.
4. Gestão de canais: loja própria + marketplaces
As vendas são distribuídas entre:
- Flagship (loja própria) — onde a marca tem maior margem e maior controle sobre a base de clientes
- Marketplaces — para ampliar alcance, awareness e volume
Um ponto central do fullcommerce é o equilíbrio saudável entre os canais.
Operadores maduros recomendam:
- 60–70% das vendas na loja própria
- 30–40% em marketplaces
Isso protege margem, reduz dependência de regras externas e fortalece o CRM da marca.
5. Marketing digital e aquisição
O fullcommerce gerencia campanhas de:
- Google Ads
- Meta Ads
- Retail media em marketplaces
- Estratégias de mix, preço, exposição e Buy Box
À medida que a operação cresce, verbas de mídia são ajustadas com base em ROI e metas de expansão. O modelo reduz erros comuns no varejo físico que tenta migrar para o online, especialmente a crença de que “subir um e-commerce é suficiente para vender”.
6. Atendimento, pós-venda e reputação
O operador também assume SAC, ouvidoria digital e gestão de reputação (incluindo Reclame Aqui e avaliações em marketplaces).
Isso garante consistência na experiência, fator crítico para repetição de compra e saúde da operação digital.
7. BI, performance e otimização contínua
Fullcommerce não é apenas execução: é acompanhamento ativo.
Operações mais avançadas trabalham com:
- áreas de Growth dedicadas
- análises semanais e mensais
- testes de mix, preço e elasticidade
- recomendações de expansão omnichannel
É comum que marcas iniciem com faturamento modesto (ex.: R$ 150 mil/mês) e alcancem múltiplos de crescimento com execução consistente.
Quem deve usar fullcommerce
O modelo é indicado para:
- Indústrias que querem vender direto ao consumidor (D2C)
- Varejistas tradicionais com dificuldade em recrutar especialistas digitais
- Franquias que precisam integrar estoque, logística e governança de canal
- Marcas que desejam acelerar digitalização com menor risco
- Empresas com mix grande e baixa exposição no ponto de venda
É especialmente valioso para negócios que:
- possuem operação física complexa
- têm limitações fiscais ou logísticas
- não desejam montar um time interno robusto
Benefícios do fullcommerce
1. Aceleração com menor risco
A marca entra no digital com estrutura pronta, especialistas e processos já testados.
2. Redução de custos operacionais
Equipes, integrações e tecnologia são compartilhadas e otimizadas pelo operador.
3. Maior previsibilidade
Planos de negócio, metas, SLAs e rituais de gestão estruturam a operação.
4. Escalabilidade
Novos canais, produtos ou regiões são adicionados rapidamente.
5. Omnicanalidade na prática
O modelo facilita:
- ship from store
- pick up in store
- showroom digital
- integração com redes de franquias
6. Curva de aprendizado acelerada
A marca absorve conhecimento técnico de equipes multidisciplinares especializadas.
Desafios e pontos de atenção
Nenhum modelo é perfeito. O fullcommerce exige:
- entrosamento profundo entre a marca e o operador
- clareza sobre responsabilidades
- maturidade para investimento recorrente em marketing
- governança de dados e integração com sistemas internos
- acompanhamento de margens e custos logísticos
Quando mal gerido, o modelo pode levar a expectativas desalinhadas, perda de competitividade em preço ou dependência excessiva do marketplace.
Fullcommerce e o futuro do varejo
O movimento de fullcommerce acompanha tendências estruturais:
- Crescente presença de IA em jornadas de compra
- Consumidores que não diferenciam físico e digital
- Pressão por eficiência logística
- Redução de CAC via omnicanalidade
- Adoção de modelos D2C por indústrias
- Expansão internacional por meio de hubs logísticos
O varejo caminha para um ecossistema híbrido, onde operações físicas e digitais se complementam.
O fullcommerce surge como um dos pilares dessa transição, especialmente para marcas que precisam de velocidade, especialização e redução de riscos.
Perguntas Frequentes
O que diferencia fullcommerce de e-commerce tradicional?
O e-commerce tradicional exige equipe interna; o fullcommerce terceiriza toda a operação para especialistas, garantindo escala e eficiência.
Quem pode usar fullcommerce?
Indústrias, varejistas, marcas de moda, brinquedos, alimentos, clubes esportivos e redes de franquias.
Fullcommerce é caro?
Exige investimento proporcional ao potencial da marca, mas substitui custos de contratação, tecnologia e logística.
O fullcommerce substitui o marketplace?
Não. Ele integra loja própria e marketplaces em uma estratégia única, equilibrando margem e volume.
É possível ter omnicanalidade com fullcommerce?
Sim. O modelo facilita ship from store, pick up in store, showroom e integração logística entre canais.



